The New York Times – Pesquisa com ratos gera novos tratamentos para calvicie.
Superprodução de hormônio de stress está relacionada com calvicie, descobriram pesquisadores.
Pesquisadores realizando experimentos com hormônios de stress em ratos chegaram a uma surpreendente descoberta: um possível tratamento contra a calvicie.
Cientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e da Administração de Veteranos, estavam trabalhando com ratos geneticamente alterados que desenvolvem naturalmente a calvície da cabeça à cauda, como resultado da superprodução de um hormônio do stress.
O experimento não era focado na perda de cabelo. Em vez disso, buscava estudar um composto químico que bloqueia o efeito do stress nos intestinos. Os pesquisadores trataram os ratos carecas com o composto durante cinco dias, e depois os devolveram às gaiolas — onde eles se misturaram a diversos ratos peludos de um grupo de controle.
Três meses depois, os cientistas retornaram à gaiola para conduzir experimentos adicionais. E se surpreenderam com o que viram — todos os ratos estavam cobertos de pelos, da cabeça à cauda. Os ratos antes carecas, identificados por etiquetas nas orelhas, estavam indistinguíveis de seus colegas peludos comuns.
O Dr. Million Mulugeta, co-diretor do programa de biologia do stress pré-clínico da UCLA, diz ter olhado o interior da gaiola e pensado por que os ratos carecas não estavam ali. “Perguntei a meu colega: ‘Por que estes ratos não são diferentes dos outros?'”, disse ele. “Voltamos ao nosso registro de dados, e percebemos que os ratos haviam ganhado pelos. Foi uma descoberta completamente inesperada”.
A inesperada descoberta foi relatada na publicação científica online PLoS One.
A pesquisa já começou a gerar reações de dermatologistas e pesquisadores da perda de cabelos. A Dra. Melissa Piliang, dermatologista da Clínica Cleveland, advertiu que a descoberta de um estudo com ratos pode não se aplicar a humanos. Mesmo assim, afirmou que os resultados podem estimular mais estudos sobre o papel do stress na calvície humana.
“Certamente já vimos pacientes cuja queda de cabelo piorou em períodos de muito stress”, disse Piliang. “Mas não sabemos se parte dessa calvicie genética é especialmente afetada pelo stress. Acho que isso é muito promissor para pesquisas e tratamentos futuros”.
Mas o Dr. George Cotsarelis, presidente do departamento de dermatologia da Universidade da Pensilvânia, disse que qualquer tratamento desenvolvido a partir dessa pesquisa provavelmente se aplicaria apenas à queda de cabelo por stress, como aquela causada por eventos pontuais, e não como tratamento para a calvície genética.
“É difícil dizer que isso possa levar a um novo tratamento”, disse ele.
Efeito preventivo também contra perda da cor
Mulugeta aposta que a descoberta possa levar a novos caminhos na pesquisa sobre a calvicie. A equipe decidiu repetir o experimento diversas vezes. A cada vez, os ratos carecas tratados por cinco dias com minúsculas doses do composto, cultivaram pelos novos em apenas algumas semanas. Em outra série de experimentos, o composto foi injetado em ratos jovens, antes que seus pelos caíssem. Esses ratos nunca ficaram carecas, sugerindo que o composto também teria o potencial de evitar a calvície relacionada à idade.
O efeito também pareceu persistir após somente uma série de tratamentos. Os cientistas continuaram a observar os ratos por quatro meses _ um período bastante longo, considerando-se o ciclo de vida de dois anos de um rato. Os pelos novos permaneceram nos ratos ex-carecas, e aqueles tratados para prevenir a queda de cabelo nunca ficaram carecas.
A duração do efeito