Júri popular de medicos acusados de matar pacientes para retirada de rins pode demorar mais que dois dias
“medicos acusados de matar pacientes”
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O julgamento de três médicos de Taubaté, acusados de provocar a morte de quatro pacientes para a retirada de rins, há 25 anos, pode demorar mais que os dois dias previstos inicialmente, já que foram ouvidas, até o momento, apenas três das 17 testemunhas arroladas no processo, desde o início da manhã de hoje (17).
O julgamento foi interrompido para almoço e retomado pouco depois das 14h. No período da manhã, apenas uma das testemunhas foi ouvida. Segundo informações do Fórum Central de Taubaté, a sessão de hoje será encerrada às 19h e retomada amanhã (18) de manhã.
Os réus – Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior – foram a Júri Popular, acusados de terem provocado a morte de Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Lobo e José Faria Carneiro e de pertencerem a uma quadrilha de tráfico de órgãos. Eles respondem pelos crimes de homicídio doloso, cometidos entre setembro e dezembro de 1986.
O médico Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, também denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE), está fora do julgamento porque morreu no ano passado. De acordo com o MPE, além desses acusados, também foi denunciado o médico José Carlos Natrielli de Almeida, que “acabou impronunciado a pedido do MP”.
Na denúncia, o MPE alegou que os laudos médicos atestando as mortes dos pacientes citados no processo eram falsos e simulavam morte encefálica para que fossem extraídos os órgãos destinados a transplantes. Segundo o MPE, o neurocirurgião e legista Mariano Fiori Júnior, por exemplo, “concluía como causa mortis exclusivamente as lesões cerebrais experimentadas pelas vítimas [traumatismo craniano, raquimedular ou aneurisma], ocultando a causa direta e eficiente das mortes: a retirada dos rins dos pacientes”.
O plenário do júri será feito pelo promotor de Justiça Mário Augusto Friggi de Carvalho.