Crítica de 'Second Chance': Drama gracioso traça a jornada pós-trauma de uma mulher indiana

O cenário do longa de estreia de Subhadra Mahajan pode ser gelado, mas as vibrações são calorosas. O filme, apropriadamente intitulado “Second Chance”, gira em torno de Nia, uma jovem indiana deprimida que deixa Delhi e foge para o retiro de verão de sua família no Himalaia, no auge do inverno, para se recuperar de um trauma. O que ela experimenta lá desafia tanto suas expectativas quanto as do espectador, em um local tão gelidamente belo que a região pode muito bem experimentar um aumento no turismo. Um filme inspirador no melhor sentido da palavra, “Second Chance” está recebendo sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary.

História e Contexto

Nos momentos iniciais do filme, ouvimos uma ligação frenética que nos revela o tumulto de Nia – ela tomou pílulas abortivas após engravidar de um namorado que a abandonou e está desesperada para manter o segredo de seus pais. Em seguida, vemos Nia (interpretada por Dheera Johnson, em uma impressionante estreia no cinema) olhando para uma vista deslumbrante dos majestosos Himalaias, que parecem ainda mais impressionantes no preto e branco monocromático do filme.

Sinopse

Com o cuidador da casa afastado por negócios não explicados, Nia passa a maior parte do tempo com a sogra idosa do cuidador, Bhemi (Thakri Devi), e seu neto de oito anos, Sunny (Kanav Thakur), que passa muito tempo brincando de Superman. Nia, enquanto isso, como qualquer urbana, vagueia pela propriedade desesperadamente procurando um sinal de celular.

Embora inquieta no início, Nia logo se acomoda em seu novo ambiente, aproveitando os bolinhos caseiros de Bhemi, participando de treinos de rebatidas com Sunny e se apegando a um gatinho que lhe foi confiado depois de ter irritado Bhemi várias vezes. Ela reencontra um ex-namorado que não via há dez anos, que a leva para casa para conhecer sua esposa. Nia também vai a uma festa com jovens locais e desfruta de algumas drogas recreativas. E ela pratica movimentos de dança sozinha, em meio à beleza natural da paisagem.

Personagens e Atuação

O diretor-roteirista Mahajan prova ser hábil em nos embalar com um ritmo lento e descomplicado, de modo que eventualmente sucumbimos aos mesmos ritmos mais tranquilos que Nia. Em vez de recorrer ao humor barato às custas dos personagens rurais, ela os investe com dignidade silenciosa e sabedoria prática. Particularmente encantadoras são as cenas envolvendo um pastor idoso (Ganga Ram) que visita e se revela bastante charmoso. “Nada se compara a uma xícara de chá quente!” ele exclama após alguns goles, antes de elogiar generosamente os bolinhos de cebola de Bhemi. “Se você não tivesse permanecido solteiro, teria desfrutado dessas iguarias”, ela o repreende.

Bhemi, que passa seus dias trabalhando incansavelmente, também tem uma história trágica, como fica claro em uma cena em que ela conta a Nia sobre um episódio angustiante envolvendo a falecida mãe de Sunny. E ela age rapidamente, insistindo em chamar um médico depois que Nia começa a sangrar profusamente devido a complicações das pílulas abortivas. Mais tarde, ela a acalma, assegurando-lhe que o médico sabe como guardar um segredo.

Conclusão

Misturando humor leve com drama comovente, “Second Chance” nos faz identificar completamente com sua personagem central, enquanto ela recupera seu equilíbrio emocional graças às suas interações com o que se torna uma nova família. Nós nos surpreendemos tanto quanto ela com o desenvolvimento inesperado, mas entre o cenário deslumbrante e os personagens adoráveis, tudo faz perfeito sentido.

As performances cativantes do jovem ator Thakur e da madura Devi, nenhum dos quais havia atuado antes, são um elemento chave, assim como a atuação comovente de Johnson como Nia. Embora, certamente, nenhum deles se compare ao trabalho do felino Yuki, que rouba completamente o filme.