UOL – Processo de paz no Oriente Médio fica à beira de um colapso

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UOL – Processo de paz no Oriente Médio fica à beira de um colapso

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Alberto Masegosa.

Jerusalém, 26 set (EFE).- A negociação entre palestinos e israelenses iniciada em Washington há menos de um mês correu sério perigo de colapso neste domingo pela rejeição de Israel em ampliar a moratória a novas construções nas colônias judaicas na Cisjordânia ocupada.

Horas antes de o prazo da moratória se encerrar, a meia-noite, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se limitou a fazer uma chamada à discrição diante de uma medida que, segundo o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, porá fim no incipiente processo de paz.

Em mensagem dirigida em particular aos colonos e à direita e extrema direita israelenses, Netanyahu instou à “moderação e à responsabilidade, hoje e em adiante, como nos dez meses que durou o congelamento da construção nos assentamentos”.

De acordo com o serviço de notícias “Ynet”, Netanyahu instruiu seus ministros a não concederem declarações, além de pedir que o fim da moratória não suscitasse grandes atos de celebração, já que a medida não encontra o respaldo da comunidade internacional.

O pedido não impediu, no entanto, que milhares de colonos se juntassem desde o início da tarde na colônia de Revava para festejar o fim da norma, esperado por muitos em tratores e betoneiras.

Apesar da pressão dos Estados Unidos, da União Europeia e do Quarteto de Paz – EUA, UE, ONU e Rússia -, a determinação israelense é a de prosseguir com a edificação no território ocupado enquanto os palestinos se negarem a reconhecer Israel como Estado judeu.

Esse reconhecimento foi colocado por Netanyahu em paralelo à exigência de Abbas da prorrogação da moratória. A discussão dessas condições dominou as primeiras semanas da negociação sem que as duas partes chegassem a acordo.

Segundo a imprensa árabe, a mediadora da negociação, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, propôs na semana passada que Israel ampliasse a moratória por apenas três meses para dar ao processo negociador a oportunidade de dar frutos durante esse prazo.

A proposta foi aceita por Abbas com a premissa de que as colônias fiquem sob soberania israelense em um eventual acordo de paz, e que “em três meses podemos delimitar as fronteiras do Estado palestino, pelo que Israel pode depois construir onde queira”.

Netanyahu não deu, no entanto, o braço a torcer, transferindo a pressão a Abbas, que por um lado enfrenta a opinião internacional para que não abandone a negociação, e por outro ouve representantes do movimento nacional palestino, que pedem para que se retire do processo de diálogo.

Em comunicado divulgado pela imprensa hoje, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) anunciou a suspensão de sua participação na Organização para a Libertação da Palestina (OLP), devido ao que classifica de indefinição de Abbas durante o processo negociador.

Jalid Al Yarra, dirigente do grupo – o mais numeroso da região central palestina depois do movimento Fatah, de Abbas -, explicou à Agência Efe que a OLP “não ofereceu garantias sobre a negociação, por isso nos vimos obrigados a tomar uma decisão a respeito”.

Enquanto isso, o movimento islâmico Hamas exige, a partir da Faixa de Gaza, que Abbas abandone imediatamente a negociação com Israel.

“A melhor resposta de Abbas é o abandono da negociação”, disse Fawzi Barhum, porta-voz do movimento islâmico, para quem o reinício da construção durante a negociação representa que Netanyahu não dá muita importância ao processo.

Apesar de ter anunciado e reiterado que o fim da moratória significa também o término das negociações, Abbas optou hoje, segundo a imprensa local, por aguardar a notificação oficial de que Israel retomou a construção em suas colônias.

Em algo, no entanto, o presidente da ANP foi claro: em entrevista publicada hoje pelo diário em língua árabe “Al-Hayat”, com sede em Londres, Abbas antecipou que em nenhum caso a OLP cogita voltar à luta armada.

A mesma opinião tem o chefe das Forças de Defesa de Israel, Gabriel Ashkenazi, que durante o fim de semana advertiu que não é provável que um colapso no processo de negociação suscite uma onda de violência generalizada na Cisjordânia.

Ashkenazi justificou sua previsão na baixa expectativa popular a respeito do processo de paz.

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