‘Influencers do lixo’: os brasileiros que fazem sucesso mostrando o que americanos jogam fora
Nos Estados Unidos, a prática do “dumpster diving” – mergulhar em lixeiras em busca de produtos descartados – tem ganhado muitos adeptos, especialmente entre brasileiros. André da Silva, um dos mais famosos “mergulhadores” de lixeiras, possui mais de 300 mil seguidores em suas redes sociais e compartilha suas aventuras e descobertas com um público ávido por seus vídeos.
Encontro com a Fama
Recentemente, um evento no Parque Villa Lobos, em São Paulo, reuniu muitos fãs da youtuber Adeline Camargo, que se tornou referência em vídeos de dumpster diving. Adeline, que vive nos Estados Unidos, trouxe para o encontro diversos produtos encontrados no lixo americano para sortear entre seus seguidores, incluindo maquiagens, bolsas e objetos de decoração.
Uma Prática Comum nos EUA
Nos Estados Unidos, o dumpster diving é uma atividade legal, embora navegue em uma zona cinzenta dependendo das leis locais. A Suprema Corte dos EUA decidiu em 1988 que não há “privacidade” no lixo deixado na calçada, mas regras específicas em estados e cidades podem tornar a prática ilegal se envolver invasão de propriedade privada ou se houver placas proibindo a atividade.
O Fascínio dos Brasileiros
Os brasileiros têm mostrado grande curiosidade em relação ao desperdício nos Estados Unidos. Alessandra Gomes, capixaba que também faz vídeos de dumpster diving em Massachusetts, relata que já encontrou edredons, sofás, mesas e muita comida em boas condições. Segundo Alessandra, os brasileiros que assistem aos seus vídeos se dividem entre os que se revoltam com o consumismo americano e os que ficam fascinados com os produtos descartados.
A Filosofia por Trás do Dumpster Diving
Para Jeff Ferrell, sociólogo e professor emérito da Universidade Cristã do Texas, a prática do dumpster diving vai além da busca por bens de consumo. Ele explica que muitos mergulhadores são movidos por ideologias que buscam redistribuir recursos, tirando dos ricos e dando aos pobres. Ferrell, que já passou oito meses sobrevivendo apenas com o que encontrava no lixo, acredita que a prática é uma forma de combater o desperdício inerente à cultura do consumo.
O Sucesso nas Redes Sociais
André da Silva, que se mudou do Rio de Janeiro para Rhode Island há 23 anos, encontrou no dumpster diving uma forma de ajudar sua comunidade e também de ganhar notoriedade nas redes sociais. Ele explica que, quando há uma nova coleção de roupas de cama, as lojas tendem a descartar os produtos da temporada passada, oferecendo uma oportunidade para encontrar itens novos e de qualidade no lixo.
Impacto e Sustentabilidade
Além de encontrar produtos de luxo, como joias e eletrônicos, os mergulhadores também encontram alimentos em boas condições que foram descartados. Alessandra Gomes, por exemplo, foca sua busca em mercados que vendem alimentos e relata que muitos dos produtos ainda são consumíveis, apesar de terem passado da validade.
Para Ferrell, a prática de vasculhar lixeiras para encontrar itens reutilizáveis ou revendíveis é uma forma de promover a sustentabilidade e reduzir o desperdício. Ele acredita que o sucesso digital do dumpster diving nos Estados Unidos reflete uma busca por um estilo de vida mais consciente e menos consumista.
Em resumo, a prática do dumpster diving, além de ser uma fonte de renda e um meio de sobrevivência para muitos, também levanta questões importantes sobre o consumismo e o desperdício na sociedade moderna.