New York Times – Facebook se prepara para aumentar o lobby em Washington.

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New York Times – Facebook se prepara para aumentar o lobby em Washington.

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O Facebook espera fazer uma coisa de um jeito melhor e mais rápido do que qualquer outra empresa “start-up” de tecnologia que se tornou uma superpotência da internet.

Ficar amigo do governo.

O Facebook preencheu suas equipes executiva, legal, estratégica e de comunicações com políticos poderosos de ambos os partidos, aumentando seu poder de fogo para futuras batalhas em Washington e além. Entre eles estão Sheryl Sandberg, diretora de operações que fez parte do governo Clinton, e Ted Ullyot, ex-funcionário da juiz do Supremo Tribunal Antonin Scalia, que é conselheiro geral da empresa. O último candidato é Robert Gibbs, ex-secretário de imprensa do presidente Barack Obama na Casa Branca, que o Facebook está tentando atrair para sua equipe de comunicações.

E por bons motivos, dizem analistas legais e políticos. Pouco menos de sete anos depois de seu surgimento num quarto de dormitório de Harvard, assim como qualquer outra companhia, o Facebook está redefinindo a noção de privacidade e transformando as comunicações, a mídia e a propaganda na era da internet.

Embora a companhia tenha sido criticada por uma série de tropeços na privacidade, ela continua sendo em grande parte uma queridinha dos políticos – ganhando até uma citação elogiosa no discurso State of the Union. Mas o Facebook assistiu aos passos em falso da Microsoft e do Google em Washington, e sabe que suas disputas atuais são meramente um prelúdio de batalhas maiores quanto à sua influência sobre a rede econômica e social. E, portanto, está construindo uma defesa forte, movendo-se em velocidade de banda larga para deixar de ser uma start-up e se tornar uma estrategista política pragmática.

“A informação é o ouro ou o petróleo da economia na era da informação”, disse Paul M. Schwartz, um professor de direito e especialista em tecnologia da informação na escola de direito da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Schwartz diz que o Facebook parece ter aprendido rápido que as demandas por regulamentação aumentarão, não apenas por parte do usuários e grupos de defesa de direitos, mas também por parte da concorrência.

“O que eles estão fazendo é pragmático, e é pragmático fazer isso antes cedo do que tarde”, diz ele.

O Facebook recusou-se a comentar suas conversas com Gibbs, que está considerando uma posição no Vale do Silício, não em Washington.

A companhia disse que compreendia a importância de ter uma presença em Washington, principalmente para poder explicar seu serviço de rede social e suas muitas funções e políticas de privacidade para os legisladores e reguladores. Mas ela minimizou a importância de ter conexões em ambos os lados do espectro político.

“Estamos buscando pessoas que têm paixão pelo Facebook, que entendem e podem antecipar temas políticos, e que são boas em explicar esses temas”, disse Marne Levine, ex-funcionária do governo Obama, que entrou para o Facebook no ano passado como vice-presidente de política pública global. Ela disse que o Facebook contratou pessoas de diferentes afiliações políticas para trazer “uma diversidade de perspectivas para sua equipe estratégica.”

Ainda assim, alguns defensores de direitos estão preocupados com as novas contratações do Facebook. Esses críticos dizem que o aumento das conexões do Facebook com Washington reduzem as críticas sobre algumas das políticas do Facebook.

Outros analistas políticos dizem que, não importam as circunstâncias, os esforços do Facebook resultarão numa influência significativa.

“A implicação prática é que será mais difícil para os defensores de direitos convencerem membros do Congresso de que o Facebook apresenta um problema de privacidade”, disse Chris Jay Hoofnagle, diretor dos programas de privacidade do Centro de Direito e Tecnologia da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Ele disse que executivos politicamente conectados não só conseguirão audiências com funcionários do governo para discutir assuntos importantes mas, no caso de políticos para cargos eleitos, também terão a chance de reforçar a ideia de que o Facebook pode ser uma poderosa ferramenta de campanha.

“Um dos grandes pontos é mostrar aos legisladores que o Facebook é importante para as campanhas”, disse Hoofnagle. “Uma vez que este fato estiver estabelecido, o Congresso não tocará o Facebook.”

Embora os tentáculos do Facebook em Washington busquem alcançar ambos os lados do Congresso, os democratas parecem ser dominantes, assim como em grande parte do Vale do Silício. Sandberg, a segunda funcionária mais importante da companhia depois de Mark Zuckerberg, cofundador e diretor executivo, é uma articuladora nata que desenvolveu conexões profundas com o establishment do partido Democrata quando era chefe de gabinete de Lawrence H. Summers, quando este era secretário do Tesouro de Bill Clinton. Embora Sandberg esteja concentrada no lado empresarial do Facebook, ela continua muito antenada na política.

“Com certeza estou muito atenta ao que está acontecendo em Washington”, disse ela numa entrevista no ano passado.

Em junho, o Facebook contratou Levine, que foi chefe de equipe do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. Ela entrou para o escritório em expansão da companhia em Washington, que também inclui Timothy D. Sparapani, ex-membro da equipe legislativa da União Norte-Americana pelas Liberdades Civis, com conexões profundas no Capitólio.

Mas o Facebook não negligenciou os republicanos. Em 2008, ele contratou Ullyot, que além de trabalhar para Scalia, foi advogado da Casa Branca e chefe de gabinete de Alberto Gonzales, que na época era advogado geral do governo George W. Bush. Na época de sua contratação, Elliot Schrage, diretor de comunicações da companhia, disse ao Los Angeles Times que Ullyot “tinha conexões extremamente fortes com o Partido Republicano, e isso é uma coisa boa”.

No mês passado o Facebook aumentou suas credenciais republicanas, contratando Catherine Martin, que foi vice-assistente do presidente Bush e vide-diretora de comunicações de política e planejamento.

As operações políticas do Facebook continuam muito pequenas comparadas com as de seus concorrentes. A companhia gastou apenas US$ 350 mil (R$ 580 mil)em lobby em 2010, bem menos do que os US$ 5,1 milhões (R$ 8,4 milhões) gastos pelo Google, de acordo com a OpenSecrets.org. Ainda assim, a companhia está aumentando sua operação em Washington, que agora tem dez pessoas. Numa segunda-feira, o grupo se mudou para os novos escritórios, com muito espaço para crescimento. Com um humor aludindo a Washington, as salas de conferência têm nomes como Jardim Rosado, Camp David, Um Local não Revelado, Sala Cheia de Fumaça e Beijando Bebês.

O Facebook está contratando num ritmo rápido em todas as áreas para manter seu crescimento e se preparar para uma possível oferta pública.

Mas os analistas legais dizem que o Facebook espera evitar os erros feitos por predecessores como a Microsoft. E eles dizem que a companhia está estudando a política mais cedo do que fez o Google, cujas conexões em Washington foram firmemente estabelecidas uma vez que Eric E. Schmidt, diretor-executivo, aconselhou a campanha presidencial de Obama e o governo.

Vale do Silício

Reback disse que embora o Google tenha sido atacado, suas conexões provavelmente reduziram o impacto do golpe.

“Não acho que ninguém na Casa Branca vá ligar para o Departamento de Justiça”, disse Reback. “Mas se você estiver em uma dessas agênias e vir uma companhia que deveria estar sob investigação passando tempo com o presidente, é um efeito desencorajador. A maior parte dessas companhias entende isso.”

Richard A. Epstein, professor de direito da Universidade de Nova York e membro sênior da Hoover Institution, que aconselhou companhias sobre como evitar a regulação, disse que o Facebook parece ter aprendido a lição especialmente por conta da Microsoft, cujo desdém inicial por Washington se tornou um problema quando ele se tornou alvo dos reguladores antitruste no final dos anos 90.

“Os riscos ficaram tão grandes que as companhias estão contratando dois tipos de pessoas: pessoas que sabem alguma coisa e pessoas que conhecem alguém”, disse Epstein. “O acesso não tem preço.”

O Facebook espalhou suas conexões políticas para além de Washington. Em 2009, ele contratou Richard Allan, um ex-integrante do Parlamento do Partido Liberal Democrata da Inglaterra, para ser seu diretor de política pública na Europa.

“Isso não é nada de outro mundo”, disse Andrew McLaughlin, que atuou como diretor de política pública global no Google antes de entrar para a Casa Branca como vice-diretor de tecnologia em 2008. “Você faz uma avaliação das ameaças que enfrenta em Washington, então decide quanto dinheiro está disposto a gastar, e daí contrata pessoas com base no seu senso de estratégia.”

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