G1-RJ – Polícia apura suposto caso de racismo na Bienal do Livro

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G1-RJ – Polícia apura suposto caso de racismo na Bienal do Livro

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Alunos do Colégio estadual Guilherme Briggs, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, registraram na Polícia Civil uma denúncia de racismo que, segundo duas alunas, ocorreu no estande da Editora Abril dentro da Bienal do Livro, que é realizada no Rio Centro, na Zona Oeste do Rio.

De acordo com o professor e advogado da escola, José Carlos, duas alunas de 16 e 17 anos tentaram conseguir uma senha para uma palestra de um ator no estande. Mas, segundo ele, um funcionário negou as senhas, alegando que “não gostava de negros” e que as estudantes seriam “negras do cabelo duro”, para, em seguida, ofender o resto do grupo com “negros, favelados e sem educação”.

A Editora Abril, por meio de sua assessoria, explicou ao G1 por telefone que não distribui senhas para as suas palestras e que nenhum ator foi convidado pelo estande. Em nota, informou que “não teve acesso ao Boletim de Ocorrência relacionado ao caso e que irá apurar todas as circuntâncias desse fato.”

O caso foi registrado na 77ª DP (Icaraí), mas será encaminhado para a 42ª DP (Recreio), que é a delegacia responsável pelo bairro onde fica o Rio Centro. A delegada Adriana Belém, da 42ª DP, informou que o caso deve chegar na sexta-feira (9) na delegacia. Ela informou que ainda não foi aberto um inquérito na 77ª DP.

O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da organização da feira, que informou que “a Bienal do Livro representa a maior festa literária do país e tem como características a diversidade e a pluralidade.” A nota informa ainda: “Fazemos parte do movimento em prol da democratização da leitura e lamentamos se o fato relatado tenha sido provocado por um dos expositores do evento.”

Registro na delegacia

Ao tomar conhecimento do caso, a diretora da escola, Alcinéia Rodrigues da Silva, foi com as alunas e os pais delas à 77ª DP (Icaraí) registrar queixa contra o funcionário. A denúncia será transferida para a 42ª DP (Recreio). “Estamos agora num momento de preservação dos alunos. Foi feito o registro do caso, a Secretaria de Educação tomou conhecimento do caso, e a Secretaria de Direitos Humanos também. Foi um fato lamentável, em pleno século XXI, a gente não espera que aconteça mais essas coisas”, declarou a diretora.

A escola pretende agora reverter o episódio para o lado positivo, e já programou atividades de conscientização sobre a questão e orientações de como os alunos podem agir nesses casos. “Foi o primeiro caso na escola, sempre trabalhamos muito isso aqui dentro. Mas é como os alunos falaram para os pais deles: sofrer na pela, elas nunca tinham sofrido”, concluiu.

A Secretaria estadual de Educação enviou uma nota de repúdio: “A Secretaria de Estado de Educação, por meio da Coordenação de Diversidade Educacional, informa que, tão logo soube do fato ocorrido na Bienal, colocou-se à disposição para prestar as devidas orientações e apoio às famílias das estudantes, bem como a todos os alunos, professores e direção da referida unidade escolar. A Seeduc reitera que repudia qualquer ato de preconceito, seja ele étnico, racial ou de qualquer natureza.”

Bienal acontece até domingo (11) no Rio Centro (Foto: Carla Meneghini/Arquivo G1)

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